Quem foi Vidocq?
Quem foi Vidocq?
A Vidocq se atribuem milhares de avanços no campo da investigação criminal, introduzindo os estudos de balística, o registro e criação de expedientes com as pesquisas dos casos, ou a própria criminologia!
Vidocq foi o primeiro a utilizar moldes para recolher pegadas da cena do crime. Suas técnicas antropométricas tinham grande repercussão. Se pensa que Edgar Allan Poe se inspirou nele para criar o detective C. Auguste Dupin, em 1841. Também seria a inspiração de Émile Gaboriau na hora de criar o personagem do detetive Monsieur Lecoq, um investigador caracterizado por seu constante uso do método científico. De novo, seria o referente de Jacques Collin(Vautrin), um personagem recorrente em milhares de novelas de Balzac.
Eugène-François Vidocq (23 de julho de 1775- 11 de maio de 1857) foi o primeiro diretor da Sûreté Nationale(‘Segurança Nacional’) e um dos primeiros investigadores particulares. A figura de Vidocq, inspirou Victor Hugo para criar os personagens principais da novela Os Miseráveis.
A maioria das informações sobre a vida de Vidocq provem da biografia escrita por um Escritor Fantasma. Quando tinha 14 anos, Vidocq roubou algum dinheiro da padaria de seus pais e fugiu da cidade. Planejava vir a América, mas, perdeu todo o dinheiro e teve que se unir ao Regimento de Bourbon no ano seguinte. Soldado pouco exemplar, afirmou depois que havia lutado em 15 duelos.
Em 1792, Vidocq agrediu seu oficial superior quando este se recusou a participar em um duelo com ele. Por golpear a um oficial superior se lhe aplicava a pena capital, o que obrigou Vidocq a desertar e regressar a Arras. A Revolução estava em seu auge, Vidocq afirmou que havia salvo a dois nobres, mas, foi capturado e de confrontar o mesmo destino de antes (guilhotina). Seu pai pediu ajuda a família Chevalier. Vidocq enamorou-se da filha de Chevalier, Louise, e se casou com ela quando esta afirmou estar gravida, algo que resultou ser falso. Quando se deu conta de que ela tinha um romance com um oficial, marchou a Bruxelas, onde adquiriu um passaporte falso com nome de Rousseau. Na Bélgica cortejou a uma baronesa de bastante idade, e terminou unindo-se a um bando de criminosos.
Se mudou para Paris onde gastou seu dinheiro em festas e prostitutas, voltando a atuar como bandido e sendo preso em muitas ocasiões, mas, conseguiu escapar em todas elas. Também foi contrabandista. Quando se rendeu para limpar seu nome foi preso e condenado a oito anos de trabalhos forçados. Foi colocado em uma Galera porem escapando mais uma vez usando um disfarce.
Em 1798 viajou para os Países baixos e trabalhou em um barco com a patente de corso atacando navios ingleses. Em Ostende, foi preso outra vez e enviado a Tolon. Logrou escapar com ajuda de outro criminoso e voltou a Arras onde se manteve oculto até o ano de 1800.Em 1801 se tornou amante da filha de um conde, fazendo-se passar por austríaco. Com ela se mudou para Ruán, onde esteve dois anos, até que as autoridades o encontrarão outra vez. Teve que fugir para Boulogne onde se juntou a uma tripulação de corsários e voltou a atacar buques ingleses (naquela época ocorriam as guerras napoleônicas na Europa). Porem, denunciado por um companheiro as autoridades em Bolonha Vidocq foi novamente preso e levado a uma prisão em Douai. Em Douai o Procurador Geral Ransom convenceu Vidocq para que apelasse e solicitasse um novo juízo Vidocq esteve esperando cinco meses, tempo depois do qual voltou a fugir. Durante este período, sua esposa Louise lhe pediu o divorcio. Vidocq tratou de viver como um comerciante em Faubourg Sant-Denis mas um ano depois foi novamente à prisão.
Havia tentado trabalhar como professor, mas um trato inadequado com suas alunas mais adultas provocaria sua expulsão do povoado.Em maio de 1809, com a promessa de anistia, Vidocq ofereceu seus serviços à polícia de Paris como infiltrado. O inspetor Henry lhe o desafiou a escapar da guarda e voltar para provar sua sinceridade, e assim foi feito!( Quando eles iam aprender?)
Vidocq começou a trabalhar como um informante que escutava outros prisioneiros quando falavam entre eles. Depois de 12 meses a polícia arrumou sua fuga para que ele pudesse trabalhar como informante fora da prisão. Quando a classe criminal começava a suspeitar, tomava outras identidades e se disfarçava. Uma vez foi recrutado para matar-se.Finalmente, Vidocq sugeriu a formação da unidade de polícia, chamada Brigade de Sûreté (‘Brigada de Segurança’) que mais tarde se converteu na Sûreté Nationale (Segurança Nacional). Mandava 12 detetives, dos que muitos foram criminosos como ele. Em 1817 teve 811 detentos. Sua renda anual foi de 5.000 francos e também trabalhava como investigador privado gratuitamente.
Em 1814, a começos da Restauração Francesa, Vidocq e a Sûreté trataram de controlar a situação em Paris. Também atuaram contra aqueles que se aproveitavam da situação pós-revolucionaria para reclamar falsos títulos aristocráticos que lhes haviam sido arrebatados durante a Revolução.
A mãe de Vidocq morreu em 1820, celebrando-se seu enterro na catedral de Notre-Dame, em Paris. Esse mesmo ano, Vidocq se casou com Jeanne-Victoire Guerin, que morreu em 1824. Se casou novamente em 1830 com Fleuride Maniez. Apesar de tudo, manteve uma reputação de sedutor.
Em 1824, depois de sua coroação, o rei Carlos X da frança converteu a polícia em uma arma política contra dissidentes e rebeldes. Vidocq foi acusado de ter simpatia pelos movimentos bonapartistas. Um novo chefe, Duplessis, forçou sua renuncia a raiz de uma questão trivial. Seis anos más tarde, o substituto de Duplessis, Henri-Joséphe Gisquet, voltou a reincorporar-lhe ao cargo.
Em 1830, depois da abdicação de Carlos X e a ascensão ao trono de Luis Felipe I da França, se produziu um rebote de insegurança e delinqüência, com o conseguinte aumento do trabalho policial. A aparição de uma epidemia de cólera provocou uma onda de distúrbios no dia 5 de junho, arrastando a Surete a dezenas de insurgentes.
Alguns setores da policia não aprovavam seus métodos e começaram a aflorar rivalidades e enfrentamentos. Em 1832 foi forçado a renunciar depois da acusação de haver instigado um crime, através de um mediador, para obter o mérito de resolvê-lo. Segundo o livro de Samuel Edwards, The Vidocq Dossier, as normas da policia proibiam empregar ex-convictos.
Vidocq abriu então uma gráfica onde voltou a empregar antigos criminosos. O primeiro livro que tentou publicar foi sua autobiografia. Vidocq empregou L.F. L’Héritier de l’Ain para que lhe ajudasse a escrevê-la. No entanto, muitos historiadores consideram que L’Héritier tomou demasiadas liberdades na hora de narrar os feitos. Não obstante, o próprio Vidocq pareceu estar de acordo em um primeiro momento, mesmo quando só autorizou os dois primeiros volumes, de um total de quatro. Ainda assim, a biografia foi um sucesso.
Em 1833 fundou a primeira agencia privada de detetives de que se tem registro. Contratando ex-convictos, criou assim a «Oficina de Inteligencia» (Le bureau des renseignements), sofrendo a oposição das forças oficiais, que trataram de fechá-la em numerosas ocasiões. Em 1842, a policia prendeu Vidocq como suspeito de detenção ilegal, assim como de haver roubado os fundos de um caso de má administração que havia resolvido. Foi condenado a cinco anos de prisão e a uma multa de 3.000 francos. Não obstante, apelou e conseguiu ser absolvido. Em seus últimos anos, Vidocq escreveu varias novelas baseadas em suas experiências no mundo do crime. Alguns historiadores crêem que seu amigo, Honoré de Balzac, lhe ajudou.
Quando sua mulher, Fleuride, morreu em setembro de 1847, se retirou e fechou sua agência, ainda que ocasionalmente trabalharia para a policia. Em abril de 1857, Vidocq sofreu una paralisia que lhe imobilizou em seu lar no distrito de Marais, em Paris, falecendo em 11 de maio de 1857. Seu funeral foi no dia seguinte na igreja de Saint-Denis du Saint-Sacrement.
Por Cândido Ruiz
(Oque vem agora? Bartitsu?)
Adorei esses fragmentos biográficos, ajudaram bastante 🙂