The Legend of John Henry’s Hammer
John Henry e a máquina a vapor
O povo ainda fala sobre a noite em que John Henry veio ao mundo.
Era escuro e nublado, e no momento em que ele nasceu, relâmpagos iluminaram o céu. Seus pais o exibiram para todos que conheciam, pois John Henry era o bebê e aparência mais magnífica e poderosa que qualquer um já havia visto. Com braços roliços, ombros largos e pesando não menos que 14 quilos; ele começou a crescer quando tinha um dia de nascido, e continuou até que se tornou o mais forte homem vivo sobre a Terra.
John Henry cresceu em um mundo que não deixava crianças continuarem crianças por muito tempo.
Um dia, enquanto estava sentado sobre os joelhos de seu pai, o jovem John Henry pegou um cravo de aço e o martelo com que seu pai trabalhava e disse. “Um martelo ainda será a perdição de John Henry”
Em representações modernas, John Henry é mostrado martelando cravos de ferro nos trilhos, mas versões mais antigas o exibiam como já tendo nascido grande e forte; e com um martelo em sua mão partiu para abrir buracos nas rochas, fazendo parte do processo de escavação dos túneis ferroviários.
Em todas as versões da história, John Henry serve como um herói folclórico dos trabalhadores braçais, representando sua marginalização durante o inicio da era moderna na América. Assim como outros “Grandes Homens” dos contos folclóricos como o lenhador gigante Paul Bunyan ou o pistoleiro Pecos Bill, John Henry serve como uma representação mítica de um dos grupos da classe trabalhadora do século XIX. Mesmo podendo ou não ter sido baseado em uma pessoa real, Henry se tornou um importante símbolo. Sua história é geralmente vista como uma arquetípica ilustração da futilidade de lutar contra o progresso tecnológico que estava evidente no século XIX. Alguns estudiosos interpretam a lenda como uma alegoria de como até o mais habilidoso trabalhador das mais antigas e respeitáveis profissões são marginalizados quando as companhias estão mais interessadas em eficiência e produção do que a saúde e bem estar de seus funcionários. Mesmo que John Henry tenha se provado mais eficiente que a máquina, ele trabalhou até a morte e foi substituído por ela mesmo assim.
Existem dois John Henrys, o homem, e a lenda que o cerca. E a verdade sobre um é escurecida pelo tempo e pelo mito. Definir o primeiro é uma questão de reunir fatos. Nascido escravo, trabalhando para companhias ferroviárias após a Guerra Civil, morrendo por volta dos trinta anos, deixando uma jovem esposa e um filho bebê.
Estabelecer o segundo, o John Henry lendário não é tão fácil. Sua história tem sido contada em baladas em poemas, viajando de costa a costa com as ferrovias desde o século XIX. Pelo que se sabe, John Henry nasceu escravo, em algum ano entre 1840 e 1850 na Carolina do Norte ou Virgínia. Cresceu até ultrapassar um metro em oitenta e três de altura e noventa quilos – um gigante para a época. Ele tinha um imenso apetite, e capacidade ainda maior para o trabalho. Possuía uma bela voz de barítono e tocava banjo como ninguém.
Acompanhando a legião de ex-escravos libertos da guerra, John Henry começou a trabalhar reconstruindo os estados sulistas, cujos territórios haviam sido muito afetados pela Guerra Civil. O período ficou conhecido como a Reconstrução, uma reunião da nação sob um governo depois que os Confederados perderam a guerra. A guerra que havia conferido direitos civis a população negra agora enviava centenas de homens como mão de obra, a maioria sob condições deploráveis e baixos salários.
O que pode ser afirmado com certeza, é que John Henry foi contratado como trabalhador ferroviário para a C&O Railroad, uma rica companhia que estava expandindo sua linha de Chesapeake Bay para Ohio Valley. Os trabalhadores ferroviários, os chamados “Steel Drivers”, passavam seus dias martelando cravos de aço e perfurando buracos em rochas sólida. Cada ‘Steel Driver’ era acompanhado de um parceiro, chamado de “virador”, que ficava perto do buraco na rocha e girava a broca após cada golpe do martelo.
A nova linha da C&O estava avançando rapidamente, até que uma grande montanha surgiu e bloqueou seu caminho. Big Bend Mountain era seu nome, e com mais de dois quilômetros, era extensa demais para que a linha seguisse dando contornando-a. Então foi dito aos trabalhadores que perfurassem através dela, através do coração da montanha.
Foram necessários mais de 1000 homens e três anos para terminar o serviço, O trabalho era traiçoeiro. A visibilidade era minima e o ar dentro do túnel incompleto era rarefeito e poluído por fumaça negra e poeira. Centenas de homens perderiam suas vidas para a Big Bend antes que tudo estivesse terminado, seus corpos empilhados aos montes, túmulos arenosos ao pé da montanha. John Henry foi um deles. Como a história conta, Henry era o mais forte, mais rápido, e mais poderoso homem trabalhando nas ferrovias. Eles costumava usar um martelo de aproximadamente seis quilos para perfurar, alguns historiadores acreditam, mais de seis metros rocha a dentro, isso em um dia de trabalho de 12 horas – o melhor trabalhador dos trilhos.
Aquele Julho foi o mês mas quente, e muitos dos trabalhadores adoeceram pelo calor dentro do túnel. John Henry, preocupado que seus colegas perdessem seus empregos, começou a fazer o trabalho de cada homem que caia exausto. Em uma destas semanas, ele fez o trabalho de muitos deles, chegando a trabalhar dia e noite, e quase sem pausas para se alimentar. Quando foram lhe agradecer pela sua bondade, John Henry apenas sorriu e disse, “Um homem é apenas um homem. E ele só tem de dar o melhor de si”.
O calor extremo continuou, e certo dia um vendedor ambulante chega ao campo próximo a Big Bend, gabando-se aos quatro ventos que sua máquina a vapor poderia superar qualquer homem ali, escavando buracos na rocha mais depressa que doze trabalhadores. O supervisor da via ferroviária cogita compra-la se ela for tão boa quanto o vendedor afirma. Um desafio então é lançado: homem contra máquina. John Henry, o melhor homem da companhia ferroviaria, iria competir sozinho contra o martelo a vapor. Ambos martelando lado a lado, perfurando a rocha. O vendedor diz que se um homem pudesse ser mais eficiente que o martelo a vapor, a companhia poderia ficar com quantas máquinas quisesse sem pagar por elas.
John Henry olhou para o martelo a vapor e enxergou diante de si imagens do futuro. Ele viu máquinas tomando o lugar dos bons trabalhadores. Ele viu a si mesmo e aos seus amigos, desempregados, perambulando pela estrada pedindo por comida. Ele viu homens perderem suas famílias, e pessoas perdendo seus direitos como seres humanos.
John informou ao supervisor que nunca deixaria uma máquina tomar seu trabalho, e ao ouvir isso, seus amigos comemoraram. Entretanto, a esposa de John Henry, Polly Ann não estava tão contente.
“– Competir contra esta máquina sera seu fim” ela disse. “ Você tem uma esposa e um filho. E se algo acontecer a você John Henry, nós nunca sorriremos novamente enquanto estivermos sobre essa terra. Essa máquina não dorme, não come e não se cansa, enquanto você é apenas um homem John Henry. Apenas um homem”
John Henry ergueu seu filho em seus poderosos braços e disse a sua esposa:
“ – Um homem é apenas um homem, e nada mais que isso. Mas um homem sempre deve fazer o seu melhor. E amanhã, eu irei pegar meu martelo e trabalharei, e trabalharei mais rápido e melhor que qualquer máquina sobre essa terra. Eu farei o meu melhor”
A batalha foi difícil e de início a máquina a vapor trabalhava duas vezes mais rápido que John Henry, mas John não desistiria, muito estava em jogo, e voltando com duas marretas de dez quilos cada, uma em cada uma de mãos, a lenda diz, ele martelou. Ele martelou cada vez mais rápido. Na montanha o calor era insuportável, a poeira espessa. A multidão urrava na entrada do túnel enquanto nuvens de poeira eram expelidas para fora da montanha. O vendedor que assistia pensou ter ouvido um som que lhe pareceu ser a montanha se quebrando, entretanto, era apenas o som do martelo de John Henry.
Polly Ann, esposa de John, e seu filho esperavam por ele do lado de fora, e ficaram exultantes quando a máquina foi puxada para fora do túnel, quebrada pelo esforço; chamaram John Henry para que saísse do túnel, mas ele não escutou, pois ainda martelava o aço na escuridão, cada vez mais depressa.
John Henry vencera a máquina, avançando mais de quatro metros na rocha em trinta minutos, contra apenas dois do martelo a vapor. Quando John Henry caiu exausto no chão do túnel, houve um terrível silêncio. Polly Ann não se moveu, pois sabia o que ocorrera. E enquanto seu sangue se espalhava pelo chão, John Henry ainda segurava seu martelo.
Pouco depois John Henry morre, alguns dizem que de exaustão, outros de um derrame, que o esforço ao martelar foi tão grande que ele rompeu uma veia do cérebro; mas independente do motivo, John Henry parte do mundo vitorioso.
Eventualmente as maquinas a vapor começaram a substituir os trabalhadores, e muitos deles partiram para longe procurando empregos, e aceitando os que encontravam. E enquanto trabalhavam, esses homens cantavam sobre John Henry.
Uma estátua e uma placa memorial existem na rodovia de Talcott que cruza o tunel onde a competição teria ocorrido.
Existiram multiplos tuneis da Chesapeake and Ohio (C&O) Railway atravessando a Big Bend. Além disso a C&O empregou vários homens negros que atendiam pelo nome “John Henry” na época em que o túnel era construído. E embora não haja evidência documentada da competição, muitos historiadores acreditam, baseados nos relatos informais, que o desafio entre homem e máquina realmente aconteceu em Talcott, West Virgínia, pois sabe-se da presença dos três (um homem chamado John Henry, o tunel Big Bend, e o martelo a vapor) ao mesmo tempo no local.
Mas por que um homem, um entre uma centenas de anos de outros homens e outras histórias, emergiria como figura central em tantas narrativas e canções cantadas por desde Bruce Springsteen até o lendário Johnny Cash? Isso podemos apenas especular.
Assim como Paul Bunyan, a vida de John Henry foi sobre o poder – a força individual pura e crua que nenhum sistema pode tirar de uma pessoa – e sobre fraquezas – a posição social a que ela está ligada. Para os milhares de braços empregados na ferrovia, ele foi uma inspiração e um exemplo, um homem como eles, que trabalhou em um imperdoavelmente deplorável ambiente mas conseguiu deixar sua marca.
Mas as canções também refletem muitas outras faces, muitas outra vidas. Alguns consideram um hino de protesto, uma tentativa dos trabalhadores denunciarem (sem receber punição ou serem demitidos pelos seus superiores) as condições precárias sob as quais John Henry trabalhou.
“This old hammer killed John Henry
But it won’t kill me, it won’t kill me.”
[Esse velho martelo matou John Henry
Mas não me matará, não me matará.]
Outro refrão, talvez, permitisse aos trabalhadores imaginarem que poderia abandonar o túnel. É claro que poderia, os patrões não eram seus proprietários, mas ainda sim, para muitos dos trabalhadores negros da ferrovia, os trilhos não passavam de uma extensão da plantação. Homens brancos gritando as ordens, um exército de homens negros fazendo todo o trabalho. E, para a maioria, não havia outra opção realmente.
“Take this hammer, and carry it to the captain
Tell him I’m gone, tell him I’m gone.”
[Pegue este martelo, e entregue ao capitão
Diga-lhe que eu me fui, diga-lhe que eu me fui.]
O que quer que John Henry tenha significado ou veio a significar, sua lenda perseverou. Talvez para lembrar-nos de uma época que não deva ser esquecida. Ou talvez porque John Henry represente para nós alguém que permaneceu verdadeiro, apesar de viver em uma época e um lugar onde, assim como em Big Bend, os caminhos estavam bloqueados e as escolhas limitadas.
Ainda hoje, algumas pessoas afirmam que o perfil de John Henry está marcado na rocha do Túnel de Big Bend. E se você andar no limite da escuridão do túnel, as vezes você pode ouvir o som de duas marretas de dez quilos martelando seu caminho para a vitória contra a maquina.
Por Karl
A primeira vez que ouvi falar desse conto, provavelmente num filme, eu era uma criança, 7 ou 8 anos, e nunca consegui esquecer da historia, apesar de cometer o crime de esquecer o nome de JOHN HENRY. Hoje tive a graça de pesquisar a historia na internet, e depois de um bom tempo, consegui encontra-lá. JOHN HENRY, sendo um mito ou uma pessoal real, jamais deve ser esquecida, ele é um exemplo, e aqueles que não se sensibilizam com a sua historia, realmente pessoas sem alma, uma maquina a vapor. Se ainda hoje, após tanto tempo a historia de JOHN HENRY ME COMOVE, É POR QUE ELE É O EXEMPLO DE PESSOA QUE NOS FAZ CRESCER ACREDITANDO NUM TIPO DE SER HUMANO QUE NÃO DESISTE, MESMO PAGANDO UM ALTO PREÇO PELA NÂO DESISTENCIA. PARABÉNS! o texto é incrivel, e obrigado por manter viva a memória de JOHN HENRY.
Eu soube dessa historia em um filme que passou na rede record acho que foi sábado ou domingo, aqueles filmes Stop Motion não consegui tirar os olhos da TV ate o final,incrível!
Sendo baseada em uma pessoa real ou não Jonh Henrry é uma fonte de coragem e dedicação para qualquer pessoa no mundo.
Cheguei a escrever sobre o personagem em um conto SteamPunk em um de meus livros virtuais no aoLimiar.com.br
http://futurodopreterito.aolimiar.com.br/john-henry-e-a-maquina-infernal/
[…] motivo mais que suficiente para compartilhá-la por aqui – sendo que busquei mais detalhes aqui e […]