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sobre a literatura Steampunk

José R. Vieira sobre a literatura Steampunk

Escrever steampunk é difícil.

Não por que o ato de escrever é difícil por si só, nem por que um romance demanda dispêndio de energia além da conta. Talvez alguns pensem que o Steampunk é fácil de escrever, porque é uma mistura sem muita relação com si mesmo, ou pensem que é fácil por que é só colocar uns balões, umas engrenagens e umas invenções malucas estilo Tesla.

Pior que não é.

Para escrever steampunk é preciso leitura e pesquisa. MUITA leitura e MUITA pesquisa. Afinal, diferente da Fantasia ou do Cyberpunk o Steam não possui muita “literatura fundadora”. Entenda aqui Literatura Fundadora como um autor modelo para os outros, um “Tolkien” ou um “Allan Poe” para que a posteridade possa se inspirar ou seguir.

Será que isso é ruim? Acredito que não, porque dá mais liberdade aos novos autores de criarem sem parâmetros pré-estabelecidos, fazerem de suas obras referências a outros e deixarem a imaginação fluir. Quando há autores já consagrados em determinado gênero a tendência é que estes sirvam de modelos aos outros, limitando-os e muitas vezes fazendo-se imitar (em alguns casos, vexatoriamente).

O steampunk possui poucas referências literárias, se comparado a outros gêneros. Na verdade, a maioria das criações steampunk estão fora da literatura, pelo menos, as criações que se espalharam na cultura pop: Final Fantasy 6 (ou 3, no Japão), Castelo Falkeinstein, livros de História. O que quero dizer com referências são as referências literárias, coisas escritas neste gênero. Pode-se encontrar facilmente fotos e imagens steam que servem de material para o escritor, mas o problema é passar essas imagens para o papel, tornando-as um conto ou um romance interessante para seus leitores.

Sendo brasileiro a coisa fica pior ainda. Nós somos criados numa cultura literária de “cópia”, pelo menos a grande maioria das vezes. Nos últimos anos recebemos muito material vindod e fora, invadindo nossas estantes e computadores.

Só muito recentemente os autores, desenhistas e artistas brasileiros começaram a influenciar nossos camaradas estrangeiros ( principalmente os “Deuses Americanos”, fazendo uma referência dupla a Gailman e a Palestra na Fantasticon sobre Stem). Nós finalmente provamos que nosso material de ficção é tão bom quanto o deles e que nossos desenhistas, escritores, poetas, músicos e afins são tão bons ou até melhores que eles.

Uma das primeiras referências Steam que temos aqui no Brasil é a coletânea da Tarja “Steampunk: histórias de um passado extraordinário”. Fica a í a dica, porque a partir dela você pode encontrar muitos outros autores brasileiros, de Steam ou não, que podem lhe servir de referência.

Fica aí a dica: não se prenda a rótulos, não se deixe vencer pelas dificuldades de escrever e escrever Steampunk. Nós, brasileiros temos tanta habilidade quanto qualquer estrangeiro, nossos personagens históricos são tão bizarros quanto os outros e nossa história é tão maluca quanto as outras.

O que nos limita, é só nossa própria imaginação.

Por José Roberto Vieira

José Roberto Vieira é escritor-amador, possui um conto publicado pela Andross Editora, é co-autor do RPG Éride e autor do Taenarum. Atualmente escreve um romance Steampunk chamado “O Baronato de Shoah” e um romance contemporâneo ainda sem nome certo, mas com o título “Éride – A Aliança das Lágrimas”.

Ele não sabe o que fazer direito com os dois, mas está gostando bastante do resultado.

Experimente o Baronato de Shoa, baixe aqui.

7 Responses to “sobre a literatura Steampunk”

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  2. Ótima matéria =)

    Baixando “O Baronato de Shoah” neste momento.

    Espero que o José Roberto Vieira apareça na próxima Virtual SteamCon.

  3. Prometo que vou me esforçar para estar no próximo!

  4. Raphael says:

    Peraí. e Julio Verne e HG Wells, além do pessoal contemporâneo que produziu Liga Extraordinária, entre outras coisas? Não conta?

  5. Thif Argus Steam says:

    Faço as palavras de Raphael as minhas.

  6. Embora idolatremos E.A.Poe, Jules Verne, Hoffman, Lovecraft, Wells e outros… existe um debate inacabável a respeito da definição destes autores como “steampunk’s”, mas a mesma coisão ocorreria por logica em relação a definição de “Ficção Cientifica”. De qualquer forma aquele comportamento social existente no steampunk que conhecemos tão bem ainda não era tão presente nestes autores(outro argumento)… e por ai vai. Mas afinal de conta podem chamar de “Xarope infantil” que vamos continuar apreciando não?

  7. […] Roberto Vieira que já esteve por aqui para falar sobre a literatura Steampunk. Nasceu em 1982, na capital de São Paulo. Formado em Letras pela Universidade Mackenzie, atuou […]

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