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Os Milagres de Heron

Estava eu assistindo o history channel, e me deparei com um documentário sobre ele que por pouco não desencadeou uma revolução industrial, quase 1500 anos antes da mesma tomar forma, um dos maiores gênios da antiguidade, e também um dos menos lembrados, Heron de Alexandria. Aproveitando o lançamento em breve da coletânea “Brinquedos Mortais”, e o conto “Festa de Todos os Deuses” que se encaixa no sub-gênero Sandalpunk que trata de tecnologias avançadas no perído da Antiguidade clássica, ali entre o século VIII a.C. e a queda do Império Romano em V d.C, escrito por Carlos Orsi, que estárá na coletânea. Então resolvi falar um pouco mais sobre este grande mestre contemporâneo de Jesus Cristo.  Afinal, um artigo sobre o inventor do primeiro autômato da história, não poderia ficar em branco.

Heron (também escrito como Hero e Herão) de Alexandria (10 d.C. – 70 d.C.) foi um pensador, inventor, matemático, físico e escritor grego, possivelmente nascido em Alexandria, no Egito, esteve ativo em torno do ano 62, realizou excelentes trabalhos em Física, Mecânica e Geometria, sendo-lhe creditada por alguns autores, a fórmula que permite calcular a área de um triângulo conhecidos seus três lados, e citado como inventor da primeira máquina a vapor de que se tem notícia, um mecanismo que provava a pressão do ar sobre os corpos, que ficou para a história como o primeiro motor a vapor documentado, a Eolípila (aparelho usado para medir os ventos). Além de dispositivos que moviam água, um deles conhecido como a fonte de Heron.

Foi essencialmente um autor de muitos livros de física e matemática, especialmente na geometria, da antiga Grécia. São conhecidas 18 obras com sua assinatura, podendo ser também considerado um matemático em função da autoria da fórmula de Heron para cálculo da área de um triângulo, demonstrada em A Métrica (obra encontrada em 1896), que versa sobre a medição de figuras simples de planos sólidos, com prova das fórmulas envolvidas no processo.

Foi um engenheiro, seguidor das ideias de Ctesibius, estudou a pressão do ar e o vapor, e também desenvolveu vários instrumentos por medir distâncias em linha reta e caminhos. Outra obra matemática importante de sua autoria foi Geométrica (75 d. C.), onde ele demonstrou sua limitada competência na trigonometria, mas apresentou uma fórmula para determinação da área de figuras geométricas regulares de 3 a 12 lados, círculos e seus segmentos, elipses e segmentos parabólicos, além de superfícies de cilindros, cones, esferas e segmentos de esferas. Sua preferência matemática, de forte influência babilônica, era pelos exemplos de mensuração. Trabalhou com um algoritmo para extração de raízes quadradas e cúbicas, já usado pelos babilônios a mais de 2000 anos antes dele, e desenvolveu fórmulas para o cálculo do volume de diversos sólidos, como cones, pirâmides, cilindros, paralelepípedos, prismas, troncos de cones e pirâmides, esferas e segmentos esféricos, anéis cilíndricos e alguns prismatoides.

Escreveu sobre mecânica, onde são conhecidos 13 trabalhos, entre eles Máquinas de guerra e Mecânica, onde trata de diversas máquinas simples e do movimento circular. Sua mecânica foi preservada pelos árabes e anuncia a regra do paralelogramo para a composição de velocidades. Determina os centros simples de gravidade e discute as engrenagens pelas quais uma pequena força pode ser usada para levantar grandes pesos.

Em Pneumatica descreveu os princípios de funcionamento de sua máquina a vapor (Eolípila). Em Catoptrica escreveu sobre óptica, onde demonstrou os fundamentos da propagação retilínea da luz e demonstra que a igualdade dos ângulos de incidência e reflexão num espelho seguem o princípio de sua fonte ao olho do observador pelo caminho mais curto. Em Dioptra, nome de um aparelho de utilidade análoga à dos modernos teodolitos, escreveu sobre astronomia e geodésia. Na história da hidráulica é lembrado como inventor de pequenos engenhos mecânicos baseados nas propriedades dos fluidos e em leis das máquinas simples, entre eles, o sifão, um tipo primitivo de uma máquina a vapor e instrumentos precursores do termômetro e do termoscópio.

Também figuram como outras notáveis invenções suas um extintor de incêndio e uma calculadora.

Foi responsável pela criação do primeiro autômato da história, naturalmente, seu cérebro não era de silício nem era movido a eletricidade — e era capaz não apenas de andar mas também de executar movimentos mais complexos. Sem disco rígido ou memória RAM, a “programação” era incorporada ao robô por meio de cordas, que eram enroladas em determinada sequência em torno dos eixos de suas rodas dianteiras. A força motriz vinha do trigo: na parte de trás do autômato, a corda que estava enrolada em torno dos eixos ficava presa a um peso, que por sua vez ficava no alto de um tubo cheio de grãos do cereal. O tubo tinha um furo, do qual os grãos iam caindo aos poucos, baixando cada vez mais o peso e fazendo os eixos rodarem, movimentando o robô.


Quem está desenterrando detalhes sobre o autômato do século 1 d.C. é o cientista da computação britânico Noel Sharkey, da Universidade de Sheffield. Sharkey vasculhou as obras teóricas de Heron de Alexandria, o criador do autômato, e diz ter descoberto que se trata da primeira máquina guiada por um programa pré estabelecido (tal como os computadores modernos).

Heron, que foi contemporâneo de Jesus Cristo e dos primeiros apóstolos, caprichou na sua invenção — o robô que era capaz de realizar movimentos complexos sem intervenção humana, como ir para frente e para trás automaticamente, cumprindo uma rota pré-determinada, e até mesmo fazer uma pausa em sua “caminhada” e depois retomar o movimento.

Esta não é a primeira vez que Heron ganha fama de pioneiro tecnológico. Relatos sobre o inventor dão conta de que ele criou a primeira máquina de “vender bebidas” da história, na qual o fiel colocava uma moeda e recebia uma quantidade de água benta pré programada, havia também um mecanismo no qual acendia-se o fogo nas piras localizadas na entrada dos templos e as portas após algum tempo se abriam automaticamente. Heron era contratado por sacerdotes que queriam seus templos “automatizados” de modo a impressionar os fiéis.

Morreu em algum lugar da Grécia e alguns historiadores lhe atribuem uma parceria na invenção da bomba de êmbolo devido a um de seus escritos, porém provavelmente foi só um aperfeiçoamento da invenção de Ctesibius. Suas máquinas de propulsão ilustram o princípio científico da terceira lei de Newton (1687).


Por Ace.

2 Responses to “Os Milagres de Heron”

  1. […] This post was mentioned on Twitter by Steampunksp, :M:ein:W:eise. :M:ein:W:eise said: RT @Steampunksp: Os Milagres de Heron http://sp.steampunk.com.br/2010/07/16/os-milagres-de-heron/ […]

  2. Opa, Ace, obrigado pela citação a meu blog. Fiz uma chamada para cá:

    http://cidadephantastica.blogspot.com/2010/07/sandalpunk-no-conselho.html

    Abraço!

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