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Jean Canesqui e o Trio Terrível

Jean Canesqui e o Trio Terrível

Jean Canesqui é autor do conto “O Trio Terrível do Brás” e um dos autores nacionais que mais tem apoiado o Conselho Steampunk desde sua fundação. Recentemente teve o conto “Simbiose” Publicado na Coletânea da FC do B. É difícil definir o quanto a sua criatividade choca quando se trata da sua habilidade de escrever e imaginar cenários e personagens fantásticos, então devemos começar a conhecer este autor através de suas próprias palavras, não?

Então eis Jean Canesqui:

Tenho 33 anos (cuidados com esses malditos pregos, camaradas!).

Nasci e, para meu azar, ainda moro em Santo André _ sabe, classe média amarga com cara de cu que esqueceu as raízes proletárias e não sabe o que quer pro futuro e doida por um linchamento, um dia me mudo pra uma kitnet do COPAM, no centro de SP, ou vou criar galinha lá na roça.

Atualmente sou libertino demais para estar casado e tive o bom senso para não ter filhos.

Sou radialista formado pela ECA-USP especializado em roteiro para audiovisual.

Profissionalmente, meu estado atual pode ser descrito como &#!$%, mas eu ainda saio dessa e vou fazer justiça à moda do Texas!

Antes já editei as revistas de HQ Front, Kaos!, e tive HQ’s roteirizadas por mim publicada nelas; publiquei um conto, O Vampiro de Esperma, na antologia Novas Visões de São Paulo em; fiz programas de rádio, ensinei rádio na periferia de sampa,trabalhei na TV em programas “populares” ( Ratinho, Show do milhão); ensinei roteiro, ajudei a fazer um seriado de TV num canal universitário e cacei vermes num matadouro( Sério!).” – Jean Canesqui.

Após estas breve descrição acredito que agora já possamos passar as perguntas que importam:

Qual foi seu primeiro contato com o Steampunk?

Jean – Poderia citar as os livros de aventura, terror e FC do período que vai do século XVIII até a década 1930 e suas adaptações para quadrinhos e cinema. Porém, o steampunk como gênero em si está mais para um distanciamento desses elementos de seu contexto.

É quando as obras e personagens, ou melhor, seu conceitual é sequestrado de seu universo nato e colocado outra narrativa, como pastiche.

Cito meus primeiro contatos quadrinhos do Mestre do Kung fu( Da Marvel Comics), com um Fu Manchu não autorizado. Ou as várias histórias de FC e terror da Warren Comics, publicada pela Kripta, RGE, com cavaleiros arthurianos enfrentando mutantes radioativos, ou o faroeste sobrenatural como o amaldiçoado Coffin, cujo protagonista é um soldado estadunidense preso num corpo moribundo imortal até pagar pelos seus crimes contra os nativos norte-americanos e mais uma legião de anti-heróis vitorianos. Lembro de uma série chamada A Noite dos Dementes em que a Inglaterra no período pré-industrial sofre uma praga de loucura que abate suas hordas de oprimidos urbanos. A primeira história se passava num hotel, cercado por insanos sedentos de sangue. Inspirados por isso, eu e mais uns punks de boutique (Hehe!) fizemos uma festa com o mesmo nome da série. De tão demente que estava o evento que acabei me esborrachado no fundo de uma piscina vazia gritando DEMÊNCIA!

Mas o primeiro produto cultural com o selinho steampunk foi o RPG Castelo Falkenstein… Que era o pastiche completo e perfeitinho.

Como você começou a escrever?

Jean – Desde garoto gosto de ler e escrever. Narrativas. Histórias. Sou um vampiro de histórias. Preciso ler sempre, qualquer coisa. Então, o negócio acumulou no crânio e começou a sair pelo ladrão. Um universo pessoal fértil, imaginoso. Minhas mãos não acompanhavam as ideias. Aí, Deus fez o PC. E Deus viu que era bom porque eu posso escrever na velocidade com que eu penso. Eu gosto de Deus, Ele é minha puta e eu o alugo o rabo dele pros outros caras da prisão em troca cigarro (Já falei que tenho problemas psiquiátricos?).

Decidi me profissionalizar. Porém, não queria ser jornalista. Quero mexer com fantasia. Não é porque nossa mídia confunde matéria jornalística com ficção que eu vou atrás. Letras, esquece. Você não aprende a escrever em Letras apenas pelo curso em si. Pergunte a qualquer bom escritor que fez letras. O estudo de letras é a análise racional de um texto sob determinados valores estéticos e uma historicidade. Olhar distanciado. Escritor tem que tá dentro e tem que tá fora. Jogar com explosão criativa irracional e depois cinzelar racionalmente. Acho que foi Mário de Andrade que se manifestou sobre o tema nesses termos. O jogo é outro.

Sobrou cinema e radio TV.

Na época não havia audiovisual. O mundo do estudo da imagem cinética era dividido em afetados com problemas de relacionamento além do umbigo, alunos de cinema, e um bando de relaxados de miolo mole, o pessoal de rádio e tv.

Como sou pobretão de nascença e por insistência, tive que optar por uma faculdade pública. Escolhi a mais fácil de entrar e sobraram os relaxados desmiolados da USP. Hoje juntou tudo e na soma dos males, a gentalha virou gente. Sorte dos audiovisuais. Azar o meu. Após anos de disciplinas de merda dados por picaretas safados, salvo sagradas exceções, fui orientado pelo professor doutor dramaturgo e cineasta Rubens Rewald quando desenvolvi uma adaptação de peça para minissérie de TV roteiro, O Santo Inquérito, de Dias Gomes, quando conclui meu arcabouço para o Drama e narrativa.

Nesse período, fiz uns lances no Teatro Oficina, depois, mexi com quadrinhos, comecei a andar com escritores e pá, tô aqui. Alimento um blog e prepara um livro de meus contos. Aliás, dois.

Um será sobre fantástico, FC, terror, com temas diversos. Depende da finalização do meu último conto, bem grandinho, de um certo tom a lá Lovecraft chamado o Povo das Multidões.

O outro será sobre mulheres e cousas femininas.

Cite algumas de suas obras de FC prediletas e quais você acredita que influenciaram seu trabalho?

Jean – Vou citar os autores de fantástico influenciaram meu trabalho.

Sairei da nerdolândia em citações. Sinto que a lei do menor esforço e a burrice foram reabilitadas. Novos escritores elegem seu culto pessoal e evitam propositadamente conhecer os clássicos e outras referências, seja por preguiça ou birra. Se sua arte é escrever, metade dela é ler. Ler de tudo. Conhecer política, mitologias, processos sociais, históricos, técnicas laborais é matéria prima do escritor.

Sem isso vai escrever o que? Sobre seu ego? Quem quer saber disso? Você é só um nerdezinho(a) solitário( a). As pessoas riem de você. Quando você passa na rua as crianças apontam, jogam objetos. Verdade! Juro! Que foi? Vai chorar? Mimimimimimimi…

Ray Bradbury

O cara é o fantástico estadunidense e a FC puros e perfeitos. O País de Outubro e Os Frutos Dourados do Sol eu relembro sempre com lágrimas nos olhos. Ele me mostrou a liberdade de se criar em qualquer contexto, livre de amarras, regras. Uma casa abandonada com um campo de trigo pode ser a representação da vida e da morte cósmica e um homem está lá condenado a ceifar o mundo. E é um camarada de esquerda, que escreve sem desassociar de política. Assume sua bandeira pela humanidade e vai com beleza e ironia!

Kafka

É o maior escritor de terror do século XX. O Processo é assombroso. Porém, nos contos a forma estética que me abateu mais. Com ele descobri que o fantástico e o assombro não precisam de efeitos. Basta apenas a perspectiva certa sobre as nossas vidinhas.

Lovecraft

Esse idiota era genial. Uma caricatura de si mesmo e do seu tempo. Porém criou um mundo abissal de todas as suas repressões que podemos emprestar para colocar as nossas. E que deliciosa forja mental para desfraldar o horror.

Poe

Poe é Poe. Calem a boca!

Júlio Cortázar

Júlio Cortazar junto com Poe me ensinou o que é um conto. Isso me ajudou a escrever. Depois me ensinou que as pessoas podiam cuspir coelhos enquanto os tigres rondam.

Gabriel Garcia Márquez.

Esse cabra mostrou-me uma realidade mesclada com o fantástico com uma naturalidade poética, mulheres com corpo de aranhas, anjos presos em galinheiros, laranjas com diamante dentro, avôs malignas de sangue verde sem perder o vínculo da materialidade histórica. Tudo isso sem ser chato.

José Saramago

Autores de ficção histórica, querem sair da punhetagem adolescente e fazer coisa séria? Com coisas sobre-humanas permeando? Memorial do Convento é um bom patamar para se levar a sério.

Borges

Borges é o escritor dos caminhos, com a elegância simples da modernidade caminha em bifurcações da avir ser, do conhecimento que se faz. Você precisa de seres imaginários? Ele tem um livro que lista com descrições preciosas. Sem drama, crianças. Xô, com o romantismo Às vezes, a vida é só sexo.

H. G. Wells

O socialista dos romances científicos. Usou a fantasia científica para discutir política e o drama humano sem abrir mão do lúdico. É um dos pilares da FC mundial. Mexeu com tudo. Viagem no tempo. Invisibilidade. Aumento de tamanho. Mutações pela ciência tendo em vista a discussão da sociedade.

G. K. Chesterton

Um grande intelectual do tempo de wells, que brindou o mundo com uma obra chamada o Homem que foi Quinta-Feira, que começa como romance policial, virá fantástico e termina como alegoria metafísica. Recomendo!

Católico, cervejeiro, averso aos anarquistas e socialistas, porém crítico as camadas mais ricas, ficaram famosos suas contendas com Wells através de cartas, sendo conhecidas na literatura como HG versus GK ou o Socialista versus o Fascista( sendo exagerada essa Adjetivação sobre Chesterton).

Os leitores de Sandman conhecem a face de . Chesterton, como o rosto do simpático personagem Fiddler’s Green.

Ângela Carter

Depois que eu li O Quarto do Barba Azul, a obra prima dessa mulher, bati a cabeça na parede. Feminista esperta, soube ler Marques de Sade e ver a mulher em sua relação de presa e predadora na sociedade. Reescreveu contos básicos da infância burguesa de maneira erotizada sob um olhar feminino bem sem véus. A obra foi levada a telona por Neil Jordan e roteirizada por ela mesma no delicioso A Companhia dos Lobos.

Augusto dos Anjos

Vertigem, morcegos e vampiros. Tudo batido no liquidificador com leite condensado, carbono e amoníaco.

Patrick Süskind

Autor de O Perfurme. Alguém sacou que é a envolvente história de um mutante? Pesquisa históricas perfeita, além do prazer literário a gente aprende sobre a podreira da Europa retratada no período e como fazer perfume com flores e seres humanos.

Claro que há outros que escapam do fantástico, Beckett, Brecht, Jean Genet, Lima Barreto, Machado de Assis, Alcântara machado, Euclides da Cunha, Dias Gomes…

Cite quais são os seus filmes e livros Steam prediletos.

Jean – Essa pergunta eu vou considerar além do pastiche:

Livros:

Contos do arabesco e do grotesco. Poe

Contos do Poe. Então: Calem a boca!

A máquina do tempo. H.G. Wells

Uma visão pessimista do futuro. Metáfora para a luta de classes? No final, o universo se esquecerá do homem e crustáceos colossais vão vagabundear pelo crepúsculo rastejante?

O Homem que foi quinta-feira. G. K. Chesterton.

Já falei. Brinca com os niilistas da Bella Epóque e metaforiza sobre a fé cristã, muito lindo.

Drácula Bram Stoker

Um puta livro. Resultado de pesquisa histórica, escolha estética. A idéia de usar diários e anotações como narrativas não é original, mas é poderoso. Dá potência a narrativa. Se tivesse sido escrita de maneira menos realista/naturalista, cheio de choramingo, o mito do vampiro hoje seria outro sem Drácula.

Viagem ao Centro da Terra, 12 mil léguas submarinas, etc… Júlio Verne.

Aventura plena com alguma ciência para o mundo da fantasia. Quem não gosta de Júlio Verne? Um humanista apaixonado pela ciência que fantasia com ela.

Filmes:

Metrópolis- Fritz Lang

Impressionante exemplo do cinema expressionista. Filme favorito de Adolf Hitler, pois nele está a representação do fascismo para a solução entre a luta de classes. Um Salvador da pátria para unir os ricos e os pobres num grande objetivo moral. Diz a lenda que isto garantiu um convite a Lang, que era judeu, para ser o principal cineasta do governo nazista. Verdade ou não, o cara se pirulitou para o mundo livre quando o pessoal estava olhando para o outro lado. Além do lado ideológico histórico, lá estão os prédios de Nova Iorque, a opressão da máquina, o futurismo em perfeita forma.

Viagem a lua, de George Melies

Uma gostosura. Adaptação do romance Júlio Verne pelo diabólico mestre das ilusões Mellies. Temos homens-lagostas selenitas e a imagem clássica da lua de queijo com rosto e a bala- espaçonave encravada no seu olho.

O Segredo de Mary Reilly, Stephen Frears

O medico e o monstro pela perspectiva da governanta. A cena em que ela encontra a mãe morta é aterradora e corta o coração de qualquer ser humano que o tenha.

O Cavaleiro sem cabeça, Tim Burton

Filme perfeitinho do Burton, que consegue conjugar o estilão cinemão americano com estética de gótico-expressionista descabelado. Exemplo perfeito do chamado contrabando de idéias. Quando o cineasta enfia sua visão de mundo junto com boa diversão…

A sombra do vampiro, E. Elias Merhige

Murnau faz um pacto mefistofélico em nome da ciência e da arte. Bom demais. Impressionou-me tanto que após uma sessão de spanking, numa play de BDSM, ainda chapado pela ação da endorfina, eu tive uma alucinação com Willem Dafoe, aparecendo como Nosferatu ao lado do casal que brincava com agulhas nos seios.

Onde busca inspiração para seus personagens?

Jean – Busco da vida.

O exercício básico do escritor é, além de escrever, a percepção. Observar. Matérias de jornais, filmes, livros. Ver o que se passa a sal a volta. A experiência pessoal, conhecimento sempre será a argamassa de sua obra.

Se você acha que a inspiração cai do céu, pode tirar o cavalo da chuva, você está enganado. Todo candidato a artista que conheci com essa postura: “Oh! Sou especial e um dia, de uma hora para outra, vou sentar meu bumbum especial em frente a tela em branco do meu pc e escrever uma obra tão maravilhosa que ainda vivo vai me colocar entre os autores estudados do vestibular”. Se fodeu, largou dessa pretensão e foi fazer outra coisa.

O escritor está em trabalho constante. É um processo perpetuo. Não para. Ele olha lascivamente para o mundo e o mundo lhe suspira algo para escrever. Mas o mundo é uma cadela. Faz cu doce. Nunca libera de uma vez. Você junta uma coisa ali, uma coisa lá.

A própria vida do escritor deve ser a base de sua escrita.

Dizem que a vida do escritor deve ser interessante como a de seus escritos. O sofrimento em vida lhe dá combustível para contar algo. Raiva. Tristeza. Sede de justiça. Amor. Tesão. Essas coisas primarias que movem os personagens nas grandes obras servem bem para o escritor.

E mesmo que tenha tudo isso é dever de quem conta histórias não permitir que sua vida se burocratize ou se cerce para a entrada de conhecimentos.

Todo conhecimento é necessário. Não apenas o formal. O formal é o básico. Tem que querer tê-lo pra começar a brincar. Fuçar no lixo da cultura pop ajuda a inspiração. Prestar atenção nos pequenos dramas da rua, do metrô, do ônibus. Comece a olhar o outro. Ele é sempre mais interessante.

A conformidade é a morte para o escritor. Transgressão em algum nível é necessário para a auto-superação da percepção. Vícios? Prazeres bizarros? Experiências perigosas? Ousadas? Que vão colocar o entendimento de você mesmo em cheque? O quanto você aposta?

Isso tudo para explicar o meu processo de criação.

Crio um arquivo de repertório. Um saco de idéias. Esse exercício pode ser feito de maneira concreta com um caderno ou um gravador, onde você anota ou grava todas as idéias interessantes que você tem no processo de observação. Eu usava um caderno e abandonei, porque ao anotar a idéia perdia a necessidade de usá-la depois, sem contar que as pessoas me enchiam o saco por estar anotando a toda hora, na época. Comecei a fazer o exercício mental de fixa-la, o que criou um efeito secundário bem legal, porque eu não esqueço a idéia e vou a transformando com o tempo. Ela evolui com minha vivência.

E minha vivência é um exercício de observação e de experimentação forçada, que me coloca em momentos de estranhamentos os quais me permitem radicalizar essas idéias.

A idéia do conto NÃO foi pensar como seriam super-heróis de verdade. Mas sim gente de verdade com habilidades sobrenaturais. Isso para pensar um brasileiro superpoderoso. A idéia do super-herói se sedimentou na segunda fase de sua história, a era de prata, quando se tornaram defensores absolutos do status quo dos EUA. Isso tem a ver com a cultura daquele país, cujo sistema de leis e de direito republicano funciona para proteger o cidadão médio ou pelo menos essa idéia é vendida com maior facilidade.

Aqui não. Não acreditamos na lisura da autoridade e nem na justiça em defender o status quo. Vemos e reclamos da corrupção e opressão em tudo, mas aprendemos a conviver bem com ela.

O que faria um super-humano brasileiro bem intencionado? Combateria o crime? Lutaria pela justiça? Aqui entra um relativismo que não se encontra polos. No Brasil, há boa justiça e há a má justiça, bom e mau crime. Um banqueiro acusado de esquemas de corrupção envolvendo a família do presidente e de pagamentos mensais a deputados causa mais alvoroço na mídia por ser algemado do que pelos seus crimes. A classe média indignada pelo crime defende o uso de criminosos aliados a ela, esquadrões da morte, para a prática de crimes do bem.

Eu acredito que o super-humano brasileiro ou se tornaria um ator marginal, tal qual os super-heróis em seus primeiros dias anarquistas (Batman, Superman), ou um mercenário para o poder.

Por isso dividi os sobre-humanos do conto nessa categoria.

O trio terrível do Brás, os irmãos spartacus são uma homenagem ao um dos anti-heróis mais interessantes do período:

Gino Meneghetti: O ladrão do Brás.

Ele assaltava mansões no Brás, entrando pelo telhado. Criou uma aura romântica em torno de sua figura. Se dizia anarquista e vivia fazendo a polícia de boba. Uma vez teve a cara de pau de ir a delegacia reclamar que a polícia não conseguia prendê-lo. Apesar de não ter o mesmo discurso , Gino aparentava-se muito com os ladrões anarquistas da bella epóque, que apavoravam a Europa nos últimos 30 anos.

De Gino, tirei suas alcunhas dados pelos jornais da época: O homem gato do Brás, o homem com-molas- nos-pés, o homem-elástico. E a partir deles eu dei os poderes aos irmãos spartacus ( e o sobrenome do nome de um dos filhos).

O Prata preta é nada mais que um dos lideres da revolta da vacina ressuscitado e transformado por métodos ainda misteriosos.

O homem do couro é um tipo de vampiro da região do nordeste. Exatamente como está descrito.

O Calculista é o reverso daqueles ciborgues com cérebros humanos em corpos mecânicos.

Por que escolheu um cenário politico tão adverso para seu conto: O Trio Terrível do Brás?

Jean É anos 30. A época que surgiram os super-heróis nos quadrinhos e coincide com um dos períodos mais interessante do Brasil que é quando ele passa a existir como uma nação mesmo. Ou pelo menos tem um esforço sério para isso. Até antes você não tinha uma ideia de país que incluísse um povo na parada. Muitos brasileiros não sabiam sequer o que era Brasil.

Poderia ter feito nos anos 50, para a alegria da classe média, mas é nesse periodo que o Brasil começou a existir de verdade. Irresistível para quem gosta de pancadaria histórica.

Na sua opinião o Steampunk hoje tem tido uma manifestação mais ativa e mais abrangente? Essa manifestação é puramente literária ou possui outras formas?

Jean Para mim o Steampunk tem um problema. Ele demanda inteligência demais. Engloba um arcabouço de ideias, imagens, músicas, tão amplas que fica difícil formar a militância tacanha, porém atrai gente pensante, pessoal de bom gosto, de leque amplo.

Talvez não caiam no beco sem saída que o movimento gótico caiu, ao se tornar uma caricatura adolescente de si mesmo. Quando uns escritores começam a dizer a outros escritores como se deve escrever sobre vampiros, dando a entender que esses seres imaginários seriam algo concreto(Dãããã) é sinal que não é só eu que tá precisando de remédio pra cabeça. É a mesma galerinha com problema afetivo que detona o André Vianco pelas costas por ele não ser de “boa formação”. Dor de cotovelo com o sucesso alheio é pouco…

O Steampunk devido a essa condição madura pela sua própria nartureza temática tende talvez a não se expandir em sim mas se aglutinar a outros territórios e seus membros crescerem em si. O Steampunk será mais respeitável porém estável.

Defina o Steampunk em uma frase.

Jean No beco, entre a sujeira e a esperança, um pouco de aventura entre o ruído de metálicas traquitanas e as canções de prostitutas e marinheiros embriagados.

Por Cândido Ruiz

(Digo… Por Jean Canesqui)

2 Responses to “Jean Canesqui e o Trio Terrível”

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