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Steampunk nos Quadrinhos II – Reimaginando Heróis

Fantasias de morcego,

Ligas Científicas,

… e Clubes para Cavalheiros

 

Um caminho que a história poderia ter tomado, essa é uma das premissas mais básicas do gênero steampunk, coincidentemente é a base para os títulos da série Elseworlds da DC comics. Conhecido no Brasil como série Túnel do Tempo, a série tira os personagens de suas ambientações usuais e coloca-os em lugares e épocas diferentes, algumas que existiram, outras que não poderiam ter existido, ou não deveriam. O resultado são histórias que fazem os personagens que são “familiares como o ontem”, parecerem “novos como o amanhã”.

 

O primeiro título Elseworlds foi Batman: Gotham by Gaslight, lançado em 1989 (chegando ao Brasil em 1990, sob o título Batman — Gotham city 1889), de autoria de Brian Augustyn e Mike Mignola (criador de Hellboy) o especial mostrava uma versão Vitoriana do Batman caçando Jack, o estripador, que viera a Gotham. Infelizmente um dos principais suspeitos de serem o assassino acaba sendo o próprio Bruce Wayne.
O elenco conta ainda com Jim Gordon, Alfred Pennyworth, Princesa Julie Madison, Sigmund Freud, em uma aparição nas primeiras páginas, enquanto despedia-se de seu aluno Bruce (onde ele cita um certo detetive britânico que fora o mestre anterior do jovem Wayne), e o Coringa em uma ponta, onde aparece como um oportunista que se casava com mulheres mais velhas e as assassinava, e que quando é pego tenta se suicidar ingerindo estricnina, mas ao invés de morrer fica seu rosto paralisado em um sorriso perpétuo.

Com o sucesso de Gotham by Gaslight, uma série de especiais começaram a ser lançados sob o selo Elseworlds.

Em 1992 foi lançado Batman:Master of the Future.

(Batman, Mestre do Futuro), onde o adversário é um megalomaníaco que afirma que a cobiça da humanidade pelo avanço tecnológico será sua ruína, e para evitar isso ele usa entre algumas coisas um robô e uma maquina de guerra voadora. Talvez por não ter a arte de Mike Mignola (substituído por Eduardo Barreto), talvez por ter sido uma história em que outro herói poderia ter substituído o cavaleiro das trevas, Mestre do Futuro não compartilhou o sucesso do antecessor.

Em 1994 saiu o especial Batman Castle of the Bat, escrito por Jack  C. Harris e ilustrado por Bo Hampton. Sem relação com Gotham by Gaslight ou Master of the Future, a história se passa em 1819 e tem elementos de Frankenstein ou o Moderno Prometeu, de Mary Shelley, e do filme clássico de 1931 estrelando Boris Karloff (vou deixar a resenha dele para um artigo separado e cheio de spoilers hehehe).

Um título um pouco mais recente de Elseworlds (OK, não tão recente, é de 2003, mas isso é detalhe técnico) é JLA: Age of Wonder, trazida pela equipe formada por Adisakdi Tantimedh, P. Craig Russell, Galen Showman, e Dave McCaig. Explorando as ramificações sociais de “super-herois” em uma era diferente (similar a Tom Strong, e A Liga dos Cavalheiros Extraordinários) JLA: Age of Wonder combina o ponto de vista esperançoso das pulps com uma quebra nos limites associados com os quadrinhos de super heróis.

A história se inicia em 1876, quando Clark Kent apresenta-se usando publicamente seus poderes ao entregar a primeira peça da Estátua da Liberdade. Ao oferecer seus serviços para ajudar o país no amanhecer dessa nova era, ele começa a trabalhar para Thomas Edison, mas o abandona quando percebe que Edison tinha mais em mente o lado comercial da ciência do que usá-la para ajudar a humanidade, iniciando uma nova empreitada junto com seus colegas Nikola Tesla e Lex Luthor. Ao aprender sobre suas origens, Clark, juntamente com seus companheiros, resolvem usar o que aprenderam com a nave-matriz que o trouxe à Terra. Logo, o professor Theodore Knight (Starman) inventa seu cetro gravitacional, que em um teste envolvendo descargas elétricas de relâmpagos, acaba resultando em um acidente que dá ao químico Barry Allen (Flash) super velocidade.

Todo o avanço, é claro, tem seu preço: as revoltas sociais de uma revolução industrial (com direito a um líder rebelde… vestido de verde… com arco e flechas), e logicamente, a tentação do poder. Campanhas de desenvolvimento de armas de destruição em massa, venda dessas armas para ambos os lados do início do conflito na Europa. Guerra que escala de armamento atômico até o raio da morte de Tesla, e que acaba forçando a chamada “Liga da Ciência”, a interferir abertamente nos conflitos.

JLA: Age of Wonder chega a parecer uma cria perdida do selo America’s Best Comic, de Alan Moore, usando heróis familiares, mas retratando-osde uma maneira bem diferente de outros autores. A arte apresenta versões muito imaginativas dos uniformes dos heróis em sua versão virada-do-século, mantendo um estilo de “super herói, mas nem tanto”, isso aliado a introdução de elementos tecnológicos, locações e figurinos, dão todo o sabor steampunk a história contada.

Incorporando noções de mudança social, referências filosóficas e políticas, e na escala menor os conflitos pessoais, amor e ciúmes, o especial usa uma estrutura que é muito menos a de um time de super heróis, e mais o de uma corporação antiga combinada com a de um clube de cavalheiros; uma estrutura ideal para a época, quando tais instituições eram comuns entre a camada social a que os heróis pertencem na narrativa. Certamente o código de honra que os conecta, e a lealdade mantida uns aos outros, não é nada diferente da de um grupo de super heróis; mesmo na maneira em que se estruturam, parece mais com um grupo de amigos com interesses em comum, do que um grupo de heróis unido arbitrariamente por um escritor. JLA: Age of Wonder mistura ferramentas narrativas tradicionais, com os não-convencionais poderes e ciência do gênero das histórias de super heróis, resultando em um ótimo exemplo de obra steampunk.

Por Karl

Ora, parece que esse artigo ficou só para Elseworlds… mas ainda não acabou não, na próxima parte parte vamos continuar conforme o planejado (isso se eu não encontrar mais coisas pra ler e resolver escrever sobre elas primeiro *risada de cientista maluco*).

Steampunk nos Quadrinhos – Parte I

O Azul, o Cinza e o Morcego

Steampunk nos Quadrinhos – Transformers: Corações de Aço

Steampunk nos Quadrinhos – The Five Fists of Science

6 Responses to “Steampunk nos Quadrinhos II – Reimaginando Heróis”

  1. Cândido Ruiz says:

    “Familiares como o ontem” e “novos como o amanhã”, de onde tirou estas expressões Karl? Achei mais doque apropriadas rs.

  2. Ju Oliveira says:

    Uhuu! Mais carvão!!

  3. krhaus says:

    Olá! Nosso sites podem ser parceiros? Estou divulgando tudo que é Steampunk no Brasil!

    http://www.words-of-eagle.cris-design.com

  4. robinho.sl says:

    Noossa! Nem imaginava eu que tinha essas versões “diferentes” da Comics.

  5. Makino says:

    Também não sabia dessas comics, uma muito legal e que pode ser vista online é a webcomic Girl Genius.

    http://www.girlgeniusonline.com/

  6. […] This post was mentioned on Twitter by Karl Felippe. Karl Felippe said: Steampunk nos Quadrinhos – Parte II http://tinyurl.com/24tfarp […]

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