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Os Autômatos ambulantes de Delarozière- Parte I

O Elefante do Sultão



“O foguete em forma de barríl cai em Waterloo Place, Londres, na Quarta-Feira, dia 4 de Maio, quebrando o chão de concreto e soltando nuvens de fumaça pela sua base.

Na Sexta feira. O elefante chega, e sobre ele, o Sultão, enquanto isso, uma marionete gigantesca emerge do foguete, era a garota com quem o Sultão vinha sonhando. A garota encontra-se com o elefante naquela mesma tarde; ele perambula pela área de St. James’s, enquanto a garota sai em um passeio por Londres em um ônibus aberto.

No sábado. O elefante caminha até Trafalgar Square, onde faz uma pausa para o almoço. Após o almoço a garota-marionete gigante é carregada pelo elefante em sua tromba, e sai em desfile até o Horseguards Parade, sob a vista do Sultão e sua tropa de dançarinos bailando sobre o elefante.

A garota tem uma agulha e linha, e gosta de costurar coisas, incluindo uma série de carros que são costurados ao asfalto.

No Domingo, o Grand Finale, o espetáculo termina, a garota volta ao foguete que vai partir; fumaça e chamas saem de sua turbina, mas o foguete não parte. Seu topo é removido por um guindaste, e para surpresa dos milhares que assistem, a garota desapareceu. Tendo viajado de volta ao seu próprio tempo.”


La visite du sultan des Indes sur son éléphant à voyager dans le temps (literalmente, “Visita do Sultão das Índias em seu elefante a viajante do tempo”) foi um espetáculo criado pela companhia de teatro Royal de Luxe, envolvendo um imenso elefante mecânico, uma marionete de uma garota gigante e outras instalações artísticas publicas, relacionadas. Em Inglês foi chamadoThe Sultan’s Elephant (O Elefante do Sultão). O Show foi organizado para relembrar o centenário da morte de Julio Verne, pelas cidades Francesas de Nantes e Amiens, patrocidado pelo Ministério Francês de Cultura e Comunicação, o espetáculo foi realizado em várias locações ao redor do mundo entre 2005 e 2006 (quem leu A Casa à Vapor”, de Verne vai entender a referência da obra).


O elefante foi idealizado por François Delarozière; Diretor Artístico da Companhia La Machine, uma colaboração entre artistas, designers, técnicos e fabricantes que se especializa na produção de construtos de grande porte para performances; e foi construído na maior parte, em madeira, e operado por vinte e dois ‘manipulateurs‘ (manipuladores de bonecos, titeriteiros) usando um misto de hidráulica e motores, pesando cerca de cinqüenta toneladas (praticamente o peso de sete elefantes africanos de verdade)

Com centenas de partes móveis, e séries e mais séries de pistões (22 somente na tromba), o elefante apela a mesma parte da psiquê que admira as maquinas de Heath Robinson e reverencia inventores excêntricos. Mais de 56 metros quadrados de madeira replantada de álamo foram combinadas com barras de aço para criar o rígido esqueleto do elefante. A atenção aos detalhes foi extraordinária, das orelhas de couro abanando, as profundas rugas ao redor dos olhos, até as nuvens de poeira levantadas pelas vagarosas patas, e a serpenteante tromba articulada.”


O elefante original não existe mais, Helen Marriage, da Artichoke, companhia que produzia a performance londrina do elefante (e responsável por trazer o espetáculo da aranha mecânica gigante La Princesse, à Liverpool neste Stembro), disse que “a Royal de Luxe estava tão farta dos convites por todo o mundo para apresentar o elefante, que eles apenas desfizeram-no

Uma réplica do elefante foi construída em Nantes (França) em 2007, como uma parte da exibição permanente do projeto Maquinas da Ilha de Nantes (Les Machines de l’île) da qual falarei na próxima parte.

O espetáculo foi apresentado pela primeira vez na França, em Nantes, de 19 a 22 de Maio de 2005, e Amiens de 16 a 19 de Junho de 2005. Em Londres de 4 a 7 de Maio de 2006. Em Antwerp, Bélgica de 7 a 9 de Julho (Além do elefante, da garota e do foguete, também havia um carrosel). Em Calais, França, de 28 de Setembro até 1 de Outubro. Le Havre, também França de 26 a 29 de Outubro. A garota gigante sozinha. Sem o elefante, apresentou-se em Santiago, Chile, de 25 a 28 de Janeiro de 2007, e em Reykjavík, Islândia de 9 a 12 de Maio.

Delarozière, estudou na Escola de Belas Artes de Marselha, cidade onde nasceu, e trabalhou por mais de 20 anos em produções teatrais. Em 1987 juntou-se a Jean-Luc Courcoult, diretor artístico da Royal de Luxe, e durante um período que foi de 1991 até 2008, Delarozière, Courcoult e suas equipes desenvolveram e criaram um grande numero de criaturas, que se apresentaram em várias cidades da Europa, desde girafas e rinocerontes, até um Gulliver gigante e o próprio grande elefante. Em 2008 Delarozière deixou a Royal de Luxe para se focar em sua própria companhia, La Machine. A aranha mecânica gigante La Princesse, que apresentou-se em Liverpool, foi a primeira de seis criaturas planejadas que irão estrear em vários pontos do mundo.


As peças começam com plantas desenhadas a mão, com um processo descrito como “pensar Julio Verne via Leonardo Da Vinci e W. Heath Robinson*”, e são feitas em madeira não pintada e metal, sempre com os mecanismos internos expostos.

De acordo com a Radio France “Ele cria máquinas, máquinas que são ao mesmo tempo belas e loucas, animais gigantes, estranhas engenhocas que tocam música, barcos que navegam pela terra, pássaros vindos de um lugar onde você pode tomar um drinque em um sonho acordado, um mundo que une o real e o onírico, e que invade cidades através de belas, celebrações loucas ambulantes

Tendo sido descrito como um “gênio da engenharia”, Delarozière descreve suas influências como sendo: “Leonardo Da Vinci, Julio Verne, Gustave Eiffel, Antonio Gaudi, surrealismo, dadaísmo, mas também a arquitetura do dia a dia, pontes, estaleiros, pontes ferroviárias ou minha educação em belas artes, Meu pai fazia gabinetes, mas também construía casas; foi como eu cheguei a trabalhar com tijolos, encanamentos, soldas e mecânica. Mas creio que o que me inspira mais é o estudo da natureza; antes de eu inventar, eu observo a vida”.

Por Karl


[nota]* William Heath Robinson foi um cartunista e ilustrador Britânico, que ficou conhecido pelos seus desenhos de máquinas excêntricas, seu nome passou a ser um sinônimo para qualquer traquitana complexa, implausível ou absurda.

… e sim, eu vou publicar um artigo sobre ele.

Veja também:

Os Automatos Ambulantes de Delaroziere parte 2

Os Automatos Ambulantes de Delaroziere parte 3

La Géante du Titanic et le Scaphandrier

5 Responses to “Os Autômatos ambulantes de Delarozière- Parte I”

  1. Dr Victor says:

    “a Royal de Luxe estava tão farta dos convites por todo o mundo para apresentar o elefante, que eles apenas desfizeram-no”

    Depois falam que tenho preconceito para com os franceses…

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  3. […] Os Automatos Ambulantes de Delaroziere parte 1 Os Automatos Ambulantes de Delaroziere parte 3 […]

  4. Raphael says:

    compartilho o pensamento do Dr. Victor.
    eta povinho de nariz empinado….

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